People are kinda strange if you analyze them at first sight.
But it's funny to do, 'cause that's what they do to you.
Or you could just get to know them, but who cares?

«As long as you hate, there will be people to hate.»

George Harrison
1943 -

d#

I hope the bed is comfortable.
I hope you have sweet dreams.
I hope the walls aren't dirty.
I hope there aren't clocks in those walls.
I hope the air there is easy to breathe.
I hope the windows have a nice view.
I hope the smell isn't sickening
but I hope the windows are open anyways.
I hope the food tastes good
and I hope there's a TV somewhere.
I hope there's something else to do, besides puzzles.
I hope you get better soon and all.

doorman.

O Porteiro do prédio abandonado recusava-se a sair dali. Fizesse chuva ou fizesse sol, ali estava ele, em pé, a guardar uma porta por onde ninguém entrava nem ninguém saía. "Arranja um emprego, homem! Um daqueles a sério, onde te paguem!" diziam-lhe os moradores da cidade. Contudo, mudar de ideias não fazia parte dos seus planos. "Eu cá não me vou embora! Um dia, um dia alguém vai reparar neste prédio antigo! E depois? Depois onde está o Porteiro? Para fora daqui é que os meus pés não me levam!" explicava ele, extremamente convencido do que estava a dizer, sempre que os visitantes lhe perguntavam porque ali estava. Ele estava confiante de que chegaria o momento em que alguém iria precisar da sua ajuda. Então. ele ali permaneceu, à espera. O Porteiro do prédio abandonado recusava-se a sair dali. Fizesse chuva ou fizesse sol, ali estava ele, em pé, a guardar uma porta por onde ninguém entrava nem ninguém saía.

take a sad song and make it better

a terceira face

A única coisa que eu queria era uma vida normal. Depois descobri que tinha duas. A parte engraçada? Nenhuma delas era normal. E isso é mesmo engraçado. Mesmo, mesmo engraçado. Não acham? Bem, eu acho… embora não me dê vontade de rir. Não é que me dê vontade de chorar… simplesmente tira-me toda a vontade de fazer seja lá o que for. A história não é curta, muito menos simples, por isso vou começar pelo principio… o meu nome é Joanne e tenho dupla personalidade (…) Nunca perdi muito tempo a perguntar-me o porquê de tudo aquilo, pois sabia que não ia chegar a nenhuma conclusão. Em pouquíssimo tempo, tornei-me famosa por aquelas bandas. Médicos, psicólogos, enfermeiras… todos no hospital conheciam a tal Joanne. Mas qual Joanne? A primeira ou a segunda? Bem, talvez até as duas, já que a curiosidade era assim tanta.

turbulência

Haviam dois homens que trabalhavam juntos, em negócios. Um deles, o mais velho, andava sempre a arranjar problemas e a enganar o outro. O mais novo tinha um problema muito sério no coração, e podia morrer a qualquer momento. Eles não se davam nada bem, mas eram, de certo modo, "obrigados" a trabalhar juntos. Não é que alguém os 'obrigasse' literalmente, mas ou trabalhavam juntos, ou não trabalhavam sequer. Não tinham escolha.
Até que um dia, estavam eles a discutir e o mais velho disse ao mais novo, sem hesitar nem um pouco e com um tom de provocação mesmo mesmo provocante "Cala-te homem, que tu provavelmente morres um dia destes! Esse teu coração já não aguenta muita turbulência". Ironia ou não, eles tinham um negócio para fazer, muito longe do sítio onde viviam e tinham que ir de avião. O mais novo atrasou-se, por causa de uns problemas que a mulher dele estava a ter. O pobre do homem também só tinha era problemas; ou era a sua saúde, que essa ele nunca a tinha, ou era a sua mulher que estava constantemente a ser incomodada pelo patrão da firma onde trabalhava. O mais velho, armado em esperto, foi-se embora sem o mais novo, pois assim ele poderia ficar com todos os lucros do negócio, dizendo que o mais novo tinha desistido da viajem pois tinha imenso medo de aviões. Verdade ou não, o que é certo é que ninguém teria provas em contrário. Nem mesmo o homem mais velho. Esse mesmo que deve estar ainda hoje, sentado na sua nuvem, algures lá no imenso céu, a olhar cá para baixo, observando os destroços do avião em que viajara naquela noite. Talvez também ele deseje agora ter tido um medo incontrolável de andar num avião.